Ameaça no céu? Retorno de satélites à atmosfera pode esconder perigo

Taysa Coelho
Taysa Coelho

O retorno de satélites desativados e partes de foguetes à atmosfera da Terra pode não ser tão inofensivo como se pensava. E, não, isso não tem a ver com o risco de peças caírem sobre a sua cabeça. Mas, sim, com as partículas de metal que eles liberam quando entram na atmosfera.

Um estudo da Universidade Purdue, de 2023, revelou que cerca de 10% das partículas de aerossol na estratosfera contêm alumínio e outros metais originados pela indústria aeroespacial.

A quantidade de elementos como lítio, alumínio, cobre e chumbo foi significativamente maior do que o esperado. Já a presença de nióbio e háfnio, metais inexistentes na natureza, confirmou a suspeita de sua origem.

“A combinação de alumínio e cobre, além de nióbio e háfnio, usados em ligas resistentes ao calor e de alto desempenho, nos apontou para a indústria aeroespacial”, explicou Daniel Murphy, cientista participante da pesquisa, ao site norte-americano Business Insider.

Nuvem arco-íris: bonitinha, mas perigosa?

Os metais encontrados, quando combinados a ácido sulfúrico e partículas de água, podem formar as chamadas nuvens arco-íris. Também conhecidas como nuvens iridescentes, ocorrem quando pequenas gotas de água ou cristais de gelo dispersam a luz do sol, criando uma coloração rara.

Apesar de lindas, elas podem se tornar perigosas, caso se misturem com alguns gases produzidos pelo homem. As nuvens arco-íris são capazes de modificá-los e torná-los altamente prejudiciais à camada de ozônio.

Reprodução/Instagram

A camada de ozônio é como é chamada a camada de gás localizada na estratosfera que protege o planeta Terra dos raios solares ultravioleta. Há pouco mais de 30 anos, era motivo de preocupação, pois vinha sendo destruída por gases emitidos pelo homem.

Apesar de não estar resolvido, o problema vem sendo minimizado. Em 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal, um firmado acordo entre vários países para a redução de emissão de gases que prejudicam a camada de ozônio.

OK, mas como isso nos afeta?

Atualmente, há cerca de 8 mil satélites orbitando ao redor da Terra, de acordo com dados do Orbiting Now, serviço de monitoramento independente. E a previsão é que, até 2030, sejam lançados mais 58 mil objetos do tipo ao espaço, segundo o Gabinete de Responsabilidade Governamental dos Estados Unidos.

Com isso, a quantidade de lixo espacial retornando à atmosfera terrestre deverá aumentar exponencialmente. E, consequentemente, a de partículas liberadas, podendo representar 50% da composição da estratosfera.

Como isso, há risco de fomentar as formações das nuvens arco-íris, prejudicando a recuperação da camada de ozônio.

Apesar do alarde, os cientistas confessam que não fazem ideia do que deve acontecer. Segundo eles, as partículas podem ainda gerar um fenômeno totalmente inédito. Ou, simplesmente, não acontecer nada.

No entanto, o aumento da quantidade de satélites em órbita dentro de poucos anos deve servir como um alerta. “Se houver impactos, é melhor entendê-los agora, antes que aumentem, do que depois de já terem aumentado muito”, afirmou Murphy ao Business Insider.

Uma das possíveis soluções seria repensar a vida útil dos satélites em órbita, que duram cerca de 20 anos, se não apresentar problemas antes disso. Outra possível solução seria o uso de satélites de madeira, que vêm sendo estudados desde 2020 pelo Japão.

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Taysa Coelho
Taysa Coelho
Movida pela curiosidade, adora conhecer coisas novas e acredita que, por isso, se tornou jornalista. No tempo livre, gosta de ir à praia, ler, ver filmes e maratonar séries. Carioca formada pela UFRJ, atualmente vive em Portugal, país que adotou.
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